24 junho, 2014

O Diário De Vic-Capítulo 2 (Escola Outra Vez)




Olá, seja lá quem estiver lendo o meu diário (para de futucar as minhas coisas!)

Se for a minha mãe: COMO DESCOBRIU A SENHA DA MINHA CAIXA DE SEGREDOS? ME HACKEOU? MINHA PRÓPRIA MÃE ME HACKEOU?
Se for meu pai: COMO DESCOBRIU MEU DIÁRIO SE NEM DEIXO ELE NA SUA CASA? E COMO ABRIU ELE? ANTES QUE PERGUNTE, NÃO FALO SOBRE GAROTO ALGUM NO DIÁRIO, SÓ PARA DEIXAR CLARO!
Se for minha avó: JÁ FALEI PARA PARAR DE MEXER NO MEU GUARDA-ROUPA, NÃO FALEI VÓ?
Se for meu avô: NÃO SE DEVE CORRIGIR ERROS ORTOGRÁFICOS DE DIÁRIOS, MUITO MENOS DO MEU, ENTÃO LARGA ELE AONDE ESTIVER!
Se for minhas irmãs: LARGUEM ISSO AGORA! ISSO É SÓ UM CADERNO, NÃO É UM DIÁRIO, ESQUEÇAM TUDO O QUE EU DISSE! É SÓ O MEU CADERNO DE MATEMÁTICA!
Se for alguém de minha sala: FIQUEM FELIZES! VOU MUDAR DE VEZ DE PLANETA!
Agora, se não for nenhuma das opções acima, continue lendo. MAS SÓ SE NÃO FOR NENHUMA DAS OPÇÕES!

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Hoje é segunda-feira. Não, melhor, hoje é segunda-inferno-feira. Eu (e toda a humanidade) odeio a segunda-feira!!!!!!!!!!!!!!
Enfim, hoje acordei com o meu despertador do celular (que coloco para vibrar) e corri para o banho. Como sempre, tomei só iogurte, já que minha mãe não acorda cedo. Colocaram isso na cabeça dela (A Culpa É Das Estrelas colocou isso na cabeça dela) que dormir faz o câncer se curar mais rápido, ou algo assim. Enfim, ela leva esse pensamento a risca, até eu que não tenho levo também.
Corri de novo para pegar minha bicicleta no raio de bicicletário de minha casa (sim, eu moro em uma casa), que está toda acabada, fui pedalando até a escola (que não é tããããão longe assim). Entrei rápido e corri para a sala enorme que pertence ao 8º B. Sentei no fundão, como de costume, ainda não havia chegado ninguém. Seria, com toda certeza, mais um dia longo...

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-FRACOTE! FRACOTE! FRACOTE! -A turma berrava loucamente para mim. Fui chamada de fracote só porque uma bola acertou minha cara em cheio e pedi para colocar gelo (aquilo ficou roxo). Por isso, era fracote. Isso no meio do recreio, logo um pessoal de outras turmas se juntaram contra mim.
Uma metidinha, Mônica, a pior que poderia existir, foi ao centro da roda, bem onde eu estava sendo circulada por uma barreira de "colegas", me impedindo de fugir. Ela olhou para mim com cara de pena falsificada e debochou:
-Ah, tadinha... ninguém pediu para que ela entrasse no jogo de handball! Por que não ficou com seus livros, NERD? -Todos riam de mim, além de debochar e zoar mais. Piadinhas de mal gosto para cá, zoações para lá, consegui escapar da barreira. Quando perceberam, gritaram:
-EI! ELA ESCAPOU!
Um pessoal de outras séries e umas garotas imprestáveis de minha turma vieram correndo atrás de mim. Tive então que usar meus "poderes mágicos", que dessa vez se encaixava em: CORRER!!
Nunca tinha corrido tão rápido, eu acho. Subi para a sala de Artes e me tranquei lá, não sei como. Tentavam em vão empurrar a porta, mesmo percebendo que estava trancada. Bando de imbecis mesmo. Olhei a sala com a tenção pela primeira vez: um armário grande com materiais, uma mesa longa para os alunos usarem, trabalhos espalhados, quadros pendurados nas paredes, persianas velhas escondendo uma janela mais velha ainda. Um lugar digno de ser bagunçado em aulas de artes.

-O que aconteceu? -Ouvi uma voz e me virei rapidamente. Era Adelaide, a professora de artes. Ela tinha raízes indígenas, como havia contado certa vez, isso estava retratado nela. Seus cabelos avermelhados artificialmente não mudava isso.
-Não, é só que estão me zoando e... -Falei normalmente, tentando mante a calma.
-Eu vi, Vitória. Isso é bullying, seus pais devem saber!
-Não! Por favor, não fala nada! -Apressei, lembrando que isso acontecia desde sempre, e até meus nove anos minha avó perguntava como tinha sido a aula e eu respondi que tinha sido boa, nada além. Eles iriam desconfiar de mim, falar que eu não confio neles.
-Quer realmente deixar passar? Não quer que eu fale para a diretora? -A diretora com toda certeza não iria se importar, ela não se importava comigo. Mesmo assim, se os bullys fossem chamados atenção, o que fariam contra mim?
-Não, obrigada pela intenção, professora! -Agradeci e saí rapidamente de lá, voltando rapidamente para a sala de aula (e a aula de matemática).

Eu não poderia continuar assim para sempre.

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