Believe-Capítulo 6 (Pela Visão De Catarina)

Catarina

Eu estranhamente sentia a sensação de que tudo daria certo no final, que um dia sairia dessa prisão. Por que eu pensaria isso? “A Ladra De Sonhos” estava me influenciando, talvez? Como eu sairia daqui, oras! Difícil de acreditar.

Acreditar. Tarefa não tão difícil para mim, um pouco mais para Lia, minha “correspondente”. Não somos exatamente correspondentes pois só trocamos bilhetes... como posso dizer? Mágicos, quem sabe?

O sol poente das cinco e tantas da tarde refletia entre as montanhas mais a frente, dando um visual perfeito a quem via de cima. Nesse caso e nesse instante, era eu, obviamente. Aquela coisa boa e rara quando sente o sol se pondo, sabendo que passou mais um dia. Isso me lembra uma coisa: esperança. A esperança que ainda tenho de sair daqui, a mesma estranha sensação de que tudo daria certo. Mas quem provaria afinal? Vivemos em um mundo onde o certo é o errado e o errado é certo, um mundo onde o diferente é estranho e o normal é venerado. Um mundo estranho, que não está perdido ainda. Temos como mudar, mas não queremos. Meus patrões fazem tanta propaganda sobre desperdício de água, mas eles mesmo não ajudam, colocando gente a mais para trabalho escravo aqui, já que não aguentam o tempo que o patrão deseja. Com isso, mais água é desperdiçada, se eles assalariassem os funcionários, eles trabalhariam mais e seriam menos empregados, menos água gasta. Não parece tão simples, mas se prestar atenção é sim.

Se tem um objeto que adoro é o mensageiro dos ventos. Não, não adoro, amo! Ando com um o tempo todo, só por precaução. Para o caso de os ventos quiserem se comunicar comigo, o que acho provável de se acontecer.

Levantei o mensageiro rente ao meu rosto, me escondendo da claridade do sol. O pouco de vento que tinha naquela tarde o balançava lentamente, fazendo um som suave. Estranha e subitamente, o balanço ficou mais rápido embora a ventania estivesse indiferente. Isso me pareceu um sinal. Um sinal de que tempos melhores estavam por vir. Um sinal de que Lia Fortescue estava vindo.