27 junho, 2014

O Diário De Vic-Capítulo 3 (O Resultado)

Música: Skyscraper/Demi Lovato




Por que estariam piscando, tão claros? O que havia acontecido? Coisa boa não era, tinha certeza.
Doutora Mariana olhou com uma expressão séria até demais para mim.
–Vitória, você sabe o que quer essa parte clara? –Ela me perguntou. De imediato, respondi, embora não tivesse tanta certeza:
–Não tenho a mínima.
–Certo... vamos conversar com seus pais primeiro e depois eles conversam com você.
–É coisa ruim?
–Ruim? É mais que péssimo.
Uma semana depois, algo muito estranho e surpreendente aconteceu: Meu pai e minha mãe, na casa de minha avó paterna, sentados na mesma mesa, eu no meio. Ou seja, era realmente algo mais que péssimo.
–Vitória... então, o que vamos falar é muito, muito, muito sério. -Meu pai começou.
–Sabe o que significa essa parte clara afinal? –Foi a vez da minha mãe.
–Não tenho a mínima. –Respondi pela segunda vez.
–Isso... significa... –Ela falava muito pausadamente, segurando as lágrimas- Um tumor, filha. Um tumor nos pulmões e... –Não escutei o resto. Já tinha corrido e se trancado em meu quarto.
Sentei no chão do quarto e finalmente chorei. Devo ter ficado ali quase uma hora, sem parar de chorar.
Não. Por que tinha que ser comigo? Justo eu, que não preciso de mais nada para acabar com minha pouca felicidade! Ironia do destino, só pode... Por que eu? Por que eu que tinha que ser diagnosticada com, pelo o que entendi, câncer nos pulmões? Injustiça, talvez? Mas quem, além de mim mesma, poderia cometer tal injustiça? Eu não sei. Acho que ninguém, ou melhor, tenho certeza. Fechei as cortinas do quarto, queria ficar no escuro, sem ninguém, sem pensamento algum que não esteja focado nisso. O que aconteceria a partir de agora? Como seria minha vida?
Porque, afinal, as coisas ruins só acontecem com quem já tem coisas ruins em excesso na vida.

2 comentários:

  1. A Vitória é muito novinha pra sofrer tanto. Câncer no pulmão me lembra bastante pessoas que fumaram em excesso ou foram fumantes passivas ou trabalhavam em alguma profissão de risco, tipo minerador, algo assim, não devia acometer uma menininha tão nova que já sofre tanto. É difícil ser como um arranha-céu quando os joelhos estão fracos demais para manter a força das pernas, para a fé não ser a blasfêmia. Não é fácil ter 13 anos e ouvir que se tem câncer. Não é fácil imaginar como vai ser a vida daqueles que a amam porque nesse caso não é só a paciente que sofre, mas todos os envolvidos, todos aqueles que também têm de (indiretamente) lidar com o pacto que uma notícia dessas causa.
    Não tenho ideia do que espera a Vic, mas desejo que ela tenha uma vitória tão grande quanto os obstáculos impostos. Ninguém sabe o que vai acontecer daqui a 10 minutos ou amanhã, mas por mais que escura que esteja a noite, ela não dura pra sempre, um primeiro raio de sol sempre aparece, o inverno também não dura pra sempre, porque a primavera chega. Então espero que esse capítulo triste na vida da Vic seja também um motivo pra ela confiar na cura e vencer.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. As coisas para Vic não estão nada boas. A vida de quem tem câncer é difícil, imagine para ela que 13 anos! Como as meninas de "Believe", ela tem que acreditar que tudo vai dar certo.

      Excluir